quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ALDEIA DE ARCOZELO / PATY DE ALFERES

Sonho antigo de Paschoal Carlos Magno – construir um lugar onde pudesse abrigar todas as artes - a fazenda Arcozelo, que já foi sede de uma fazenda, há 37 anos é uma pequena cidade teatral abrigando seminários, congressos, festivais de música, teatro, dança, cursos e encontros artísticos de repercussão nacional e internacional. Atualmente seu maior evento é o Prêmio Paschoalino, festival anual de teatro realizado pela FETAERJ – Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio de Janeiro. Inaugurada em dezembro de 1965, em Paty de Alferes, Município do Rio de Janeiro, a Aldeia dispõe de refeitório, apartamentos, albergue, Teatro Itália Fausta (semi-arena, ao ar livre todo em pedra, com capacidade para 1200 espectadores), Teatro Renato Viana (construído nas antigas cavalariças, com 400 lugares), salas de exposição e de música, biblioteca, capela e outros espaços para atividades artísticas. Além dos espetáculos que realiza, a Aldeia é cedida para eventos culturais nacionais e internacionais; tudo isso em meio a dezenas de árvores centenárias e dentro de uma atmosfera genuinamente histórica. Construída no século XVIII para servir como área de plantio de café, a Aldeia de Arcozelo, que já foi um hotel-fazenda, transformou-se por fim em centro cultural e artístico. Em 1958/59 a fazenda estava desativada e parte de suas construções ameaçava ruir. Estando lá a convite dos proprietários – a família de João Pinheiro Filho - o Embaixador Paschoal Carlos Magno teve a idéia de fazer daquele casarão e do que restava da grande fazenda um centro cultural que fosse modelo para o Brasil e para o mundo. Os netos de João Pinheiro, donos do local, aprovaram a idéia e lhe fizeram a doação da fazenda, condicionada a que ela fosse utilizada unicamente como centro cultural. A idéia era implantar um centro nos moldes do que existiam na Europa. E assim foi feito. A inauguração, em 19 de dezembro de 1965, foi testemunhada por mais de cinco mil pessoas dos quatros cantos do Brasil. Logo no ano seguinte, participando dos debates sobre teatro promovidos por Paschoal passaram pela Aldeia os críticos Anatol Rosenfeld, Sábato Magaldi, Yan Michalski, e Bábara Heliodora; os diretores José Celso Martinez Corrêa, Luiz Mendonça, Sérgio Sanz, Amir Haddad e Antônio Abujamra; os professores Edwaldo Cafezeiro, Maria Clara Machado; os autores Oduvaldo Vianna Filho e Joracy Camargo. No teatro ao ar livre (Itália Fausta), em setembro de 1967, foi representada, pela primeira vez no mundo, "Antígona" de Sófocles, com atores negros. No pátio maior, onde em um dos ângulos há a estátua de São Francisco de Assis, no domingo de páscoa de 1966, o Coral da Universidade de Minas Gerais cantava em primeira audição mundial a "Missa do Aboio", do goiano Pedro Marinho. No Pátio Patrícia Galvão, em julho de 1967, o Coral H. Stern, mais Clementina de Jesus, Élcio Milito e José das Neves, apresentaram , também em primeira audição mundial a "Missa de São Benedito", sob a regência de A. Lage. Neste ano, sem apoio do governo ou de empresários, em outubro a imprensa já anuncia o “fim da Aldeia” e o próprio Paschoal ameaça fechá-la. Ao mesmo tempo, artistas afirmavam que a Aldeia era o CENTRO CULTURAL MAIS IMPORTANTE DO PAÍS. Enfim, em 1970 Arcozelo estava sendo recuperada com verbas do Conselho Federal de Cultura. Em 1974, a Aldeia abrigou o "Simpósio Nacional de Ensino de Cinema". Em 1976, o "Encontro Nacional de Psicólogos" , presidido pelo professor Carl Rogers. Nesse mesmo período, em anos diferentes, realizou três "Festivais Nacionais de Teatro de Estudantes" , recebendo grupos de todos os estados do Brasil. Desde então continuou a programação de festivais, encontros e seminários, numa tentativa ímpar da classe artística, liderados por Paschoal Carlos Magno, de manter a Aldeia, que a cada ano era ameaçada de fechamento, por falta de verbas e necessidade de reforma. Este templo, que abrigou as atitudes culturais mais importantes do país, ainda sofre as mesmas ameaças. A FETAERJ, há 12 anos, bienalmente realiza seus festivais de teatro na Aldeia. Para lá migram e se instalam diversos grupos de teatro que transformam Paty de Alferes em um efervescente pólo de discussões teatrais, onde são apresentados e debatidos espetáculos, além das oficinas que se realizam para os grupos e para a comunidade. Este ano, o Prêmio Paschoalino 2002 comemora o Jubileu de Prata da FETAERJ e 210 anos da construção da Fazenda que deu origem à Arcozelo.

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